segunda-feira, 10 de julho de 2017

Amanhã (Demain) - Documentário de Cyril Dion e Mélanie Laurent




Segunda-feira, 05/06/2017, às 19:01, por Amelia Gonzalez

'Amanhã' , premiado como melhor documentário francês, é um estímulo à resistência

Se você, caro leitor, está indignado e desesperançado com os rumos que a humanidade vem tomando. Se não aguenta mais o nível de violência. Se não vê perspectivas no sistema capitalista e também não consegue enxergar caminhos abertos no socialismo. Se a desigualdade social o desestimula. Se a poluição da atmosfera, dos rios e mares o perturba, assim como acha irracional o fato de que os alimentos precisem percorrermilhares de quilômetros entre a produção e o consumidor final. Se você também está impaciente com os corruptos, tanto quanto com os corruptores, e anda preocupado com os alertas da Ciência sobre aquecimento global que são recorrentemente ignorados pelo establishment... Está na hora de arregaçar as mangas e se tornar uma peça de resistência.

A boa notícia é que você não está sozinho. Tem muito mais gente no mundo já se movimentando para sair do lugar passivo de reclamante, é só olhar para o lado e buscar companhia. É possível fazer diferença, fugir da hegemonia, do senso comum, e a hora é mais do que essa. Bom será o dia em que todo o sistema que não está dando certo virarum quadro obsoletos em telas de plasma que serão assistidas por ninguém. Até porque, mudar o mundo dá trabalho e não vai sobrar tempo para ficar em casa assistindo a TV.

Uma notícia não tão boa é que fazer parte dessa mudança que se quer dá trabalho. Dê adeus à crença nas falsas promessas de que tudo vai ser resolvido se você votar certo ou fizer um bom concurso público ou, ainda, se você tem um bom emprego e uma “boa aposentadoria”.  É hora de parar de acreditar nesse mundo da representação. E ir à luta. Afinal, viver não é mesmo fácil e quem disser que é, está mentindo.

O filme "Amanhã", vencedor do César, o Oscar do cinema francês, na categoria de melhor documentário, traz essa mensagem de maneira muito otimista. É divertido, informativo, e deixa nos espectadores um desejo de sair por aí arregimentando vizinhos, nem que seja para fazer uma horta urbana no bairro e acabar com aquele espaço vazio e escuro -- sempre tem --  entregue a assaltantes encrenqueiros.

"Tem a ver com a comunidade tomando controle sobre seus espaços porque ela tem o poder para isso. As agências governamentais estão ficando menores. Há menos dinheiro. Pode ser uma solução", disse Robin Tuddenham, britânico, diretor de Coletivos no município de Calderdale, que disponibiliza todos os terrenos vazios aos seus 200 mil habitantes para o cultivo de alimentos.

Tuddenham foi entrevistado por Cyril Dion, que divide a direção do documentário com Mélanie Laurent. O dinheiro para o filme foi conseguido, em parte, com o sistema de crowdfunding.Os dois, mais a equipe de filmagem, decidiram percorrer os quatro cantos do mundo buscando pessoas que encontraram soluções em vez de se sentirem com as mãos atadas diante do complexo cenário mundial.O resultado ficou muito bom e já foi assistido por 1 milhão de pessoas na França, além de ter sido lançado em 30 países. Aqui no Brasil, vai chegar como parte do Festival Varilux de Cinema Francês. Terá uma exibição gratuita no dia 10 no Cine Odeon, Rio de Janeiro, seguida de um debate aberto ao público e gratuito. Mas, quem perder, pode entrar no site do Festival  (http://variluxcinefrances.com/2017/cidade/rio-de-janeiro-rj/) e acompanhar a agenda do documentário, que será exibido em 55 cidades brasileiras. 

O pontapé inicial para a realização do filme foi quando Cyril e Mélanie se inquietaram bastante com um artigo publicado em junho de 2012 na revista “Nature”, assinado por Liz Hadly, bióloga e Tony Barnosky, paleontologista.Os estudos coordenados por Hadly e Barnosky concluíram que a humanidade tem cerca de 20 anos, não mais do que isso, para consertar o rumo e estancar o aquecimento global causado pelo consumo excessivo de combustíveis fósseis e pela industrialização exacerbada.

“Nossa espécie nunca experimentou temperaturas como provavelmente teremos que experimentar. As pessoas podem se adaptar se for uma mudança lenta, mas se for algo repentino e inesperado, a sociedade enfrentará problemas.É um momento crítico, temos cerca de vinte anos para começar a mudar a direção para o lado certo”, disseram os dois estudiosos às câmeras do documentário.

O primeiro assunto complexo abordado pelos diretores é o alimento. Especialistas afirmam que vai faltar comida para os 9 bilhões de habitantes em 2050. A aposta do senso comum e dos governos é na indústria de alimentos que, além de ser extremamente poluente,causa  desmatamento, maus-tratos aos animais, acaba com a biodiversidade do planeta e faz uso abusivo de agrotóxicos, pondo em risco também a vida dos humanos.O erro está, justamente, em dar subsídios maiores para essas empresas do que para os pequenos produtores. Aqui no Brasil, por exemplo, o agronegócio foi apontado como a responsável pelo aumento do PIB.

O paradoxo, apenas um dessa era das contradições, é que 70 a 75% do que é consumido no mundo é plantado por pequenos agricultores, segundo informa o documentário. Nick Green, doutor em agroecologia ouvido pela equipe e que arregaçou as mangas e hoje produz meia tonelada de alimento ao ano em cerca de 300 metros quadrados de cultivo real, resume assim seu sentimento sobre a indústria de alimentos:

"São empresas que produzem uma partícula ínfima de alimentos, são bem ineficientes. São bons é em produzir dinheiro. Se deixarem as pessoas possuírem e trabalharem pedaços de terra, elas produzirão muito mais", disse.  

"Amanhã" tem muito mais.Responde a uma provocação feita por Rob Hopkins, jovem fundador da Cidades em Transição, uma rede de pessoas que já existe em mais de 1,2 mil cidades pelo mundo afora interessadas em melhorar ambientes urbanos e transformar cidades em modelos sustentáveis. Para ele, os filmes sobre meio ambiente sempre mostraram o lado dramático das mudanças climáticas.

"Cadê os filmes mostrando as soluções que muitas pessoas estão trazendo para o problema?", perguntava-se ele.

Sim, são 800 grupos de “Incríveis comestíveis”, milhares de hortas urbanas espalhadas pelo mundo inteiro (incluindo Rio de Janeiro, São Paulo, Bangkok, Londres), milhões de pessoas que já estão compartilhando em vez de comprar e outros milhões que plantam árvores e espalham adubos para baixar as emissões de CO2. Já existe um país, o Butão, que é 100% orgânico e três -- Cabo Verde, Costa Rica e Suécia -- que se tornaram quase autônomos em energia renovável.

Essas são apenas algumas informações que fazem do documentário uma peça importante como estímulo à resistência.Se para milhares tornou-se possível, por que não para cada um de nós?

fonte: http://g1.globo.com/natureza/blog/nova-etica-social/post/amanha-premiado-como-melhor-documentario-frances-e-um-estimulo-resistencia.html



Mais de um milhão de espectadores em França.

E se mostrar soluções, contar uma história positiva, fosse a melhor forma de resolver as crises ecológicas, econômicas e sociais que atravessam o nosso mundo? Após a publicação de um estudo que anuncia a possibilidade do desaparecimento da humanidade até 2100, Cyril Dion e Mélanie Laurent partiram com uma equipa de quatro pessoas, para investigar em dez países aquilo que poderá provocar esta catástrofe e, sobretudo, como evitá-la. Durante a sua viagem, encontraram pioneiros que reinventaram a agricultura, a energia, e economia, a democracia e a educação. Ao juntarem todas iniciativas positivas que estão já em funcionamento, eles começam a ver emergir aquele que poderá ser o mundo de amanhã…

“A qualidade das imagens e a clareza das explicações conferem-lhe um valor pedagógico inegável.”, Le Monde

https://vimeo.com/172925666




Publicado em 30 de set de 2016
documentaire de Cyril Dion et Mélanie Laurent
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