Está chegando o feriado de Corpus Christi e muitas cidades serão embelezadas pelos tradicionais tapetes por onde passará a procissão.
Cabo Frio revive esta tradição, que atrai turistas que se reúnem para acompanhar a confecção dos retângulos que compõem o grande tapete em torno da praça.
Desde a noite anterior, grupos se reúnem para fazer o desenho no chão, tingir o sal e depois cobrir cada área com sua cor específica.
É lindo acompanhar o passo a passo e ver o tapete pronto
Uma arte efêmera, feita para ser desmanchada.
O que perdura é a certeza de que a arte tem uma força que ultrapassa barreiras e é imprescindível em nossas vidas.
E os ciclos se repetem. Ano que vem, começa tudo de novo!
Em muitas cidades portuguesas e brasileiras, é costume ornamentar as ruas por onde passa a procissão com tapetes de colorido vivo e desenhos de inspiração religiosa. Esta festividade de longa data se constitui uma tradição no Brasil, principalmente nas "cidades históricas", que se revestem de práticas antigas e tradicionais e que são embelezadas com decorações de acordo com costumes locais.
Em Cabo Frio (Rio de Janeiro), a principal avenida da cidade é decorada com tapetes feitos de sal, colorido com tintas especiais. Esse processo é acompanhado de perto pela igreja matriz Nossa Senhora de Assunção e, além de ser uma grande festividade religiosa, atrai os olhares de moradores e turistas de toda a região.
fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Corpus_Christi
fotos Christianne Rothier
Os tapetes de rua são uma tradição e manifestação artística popular realizada por fiéis da Igreja Católica, confeccionados para a passagem da procissão de Corpus Christi
A tradição da confecção do tapete surgiu em Portugal e veio para o Brasil com os colonizadores. Os desenhos utilizados são variados, mas enfocam principalmente o tema Eucaristia.
Para confeccionar os tapetes são utilizados diversos tipos de materiais, tais como serragem colorida, borra de café, farinha, areia, flores e outros acessórios.
fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Corpus_Christi
E eis que hoje (14/06/17) encontro uma postagem no facebook sobre a Guerra de Tinta no evento de confecção dos tapetes de sal que estaria sendo convocada pelas redes sociais. Li a postagem e outra, mais antiga, de 2015 (reproduzidas abaixo), lamentando essa prática que parece estar se disseminando ano a ano na cidade. Ontem já tinha ficado pensando sobre isso à respeito de uma postagem sobre a pichação nas paredes do Forte, recém restaurado. O que me faz pensar que, se de um lado a garotada tem mesmo esse espírito "brincalhão" e demolidor, por outro isso pode refletir a HISTÓRICA falta de investimento na educação, na educação patrimonial; na falta de um trabalho consistente de ensino/aprendizagem de artes, filosofia. Me passa a ideia de falta de pertencimento, de um não reconhecimento e identificação com a localidade. É também muita energia represada. Os jovens tem um potencial criativo gigantesco mas muitos não encontram espaço pra criação, pra reflexão crítica. E daí partem pra guerra, pra destruir tudo o que representa o status quo de uma sociedade excludente, que não dá vez nem voz aos jovens, hoje grandes consumidores de produtos e ideias, sem muito espaço pra discussões e possibilidades de empregar sua energia em projetos transformadores. E não falo "apenas" de jovens das periferias, mas de jovens das escolas particulares, que não precisam trabalhar enquanto estudam, que teem acesso a bens de consumo, viagens de férias, mas a quem talvez falte afeto, reflexão e diálogo dentro de casa. Não resta dúvida de que nossa sociedade está bem doente... Pitágoras já dizia lá atrás pra educarem as crianças pra não precisar punir os homens. Mas de que educação estamos falando? E não me refiro apenas à Cabo Frio, pois vemos isso acontecendo em muitos lugares. É bom refletir sobre isso.
Yuri Vasconcellos
5 h · Cabo Frio ·
(Sobre um Post chamando pra "Guerra de Tinta" nos tapetes de
sal no Corpus Christi - Cabo Frio):
Sou artista, amante do Patrimônio Imaterial e católico, e sempre participei fazendo "tapete de sal", e quando era muleque cansei de sair pintado e até mergulhava no Canal do Itajurú pra dar uma aliviada na tinta... Mas o lance, a onda era fazer muitos tapetes, ajudar nos que tinham poucas pessoas, ajudando a tampar as quadras vazias... É bacana o encontro de pessoas que nunca tinham se visto, se olhavam e diziam: "Vambora fechar essa quadra, pra não ficar vazia?".
E o que eu mais gostava, até mesmo porque sempre gostei de desenhar, era que mesmo muleque, eu tinha "minha vez", "era igual" aos adultos naquela hora, e acabava me pintando por consequência do trabalho, das cores, da fé naquele momento de coletividade e de fazer o melhor pra todos, pra Deus em cada um... Porque a alegria de ver as pessoas passeando e dizendo "que bacana", e eu do lado pensando que havia ajudado um pouco ali, abria logo um sorriso...
Meus amigos que só iam pra "guerra de tintas", freavam a onda quando me viam, acho que por camaradagem, e as vezes me ajudavam, mas as vezes também, na correria, no impulso (até mesmo porque não conhecia todo mundo), um passava e pisava ou jogava tinta no tapete que estávamos desde às 6h da manhã fazendo com o maior carinho...
ESSE É O LANCE!!! Eu mudaria esse post pra "Sem guerra, pela Paz das Cores...", porque mesmo sem a fé no ato, pois é uma tradição religiosa, que tenhamos respeito pelo outro, pelos que curtem, e chamar pra "guerra de tinta" é tipo falar em "vambora furar a bola da pelada", "tirar a tomada do som na festa da galera"... E essa não é a onda certa com certeza!!! Abração e espero ter ajudado a entender um ponto de vista que possa parecer "careta", mas é Artístico, Cultural, Patrimonial, Religioso, e além disso tudo, pelo Respeito ao outro!!!
Corpus Christi - Festa de Fé, Patrimônio Imaterial de Cabo Frio e tantas cidades!!!
Yuri Vasconcellos - na paz!
Sou artista, amante do Patrimônio Imaterial e católico, e sempre participei fazendo "tapete de sal", e quando era muleque cansei de sair pintado e até mergulhava no Canal do Itajurú pra dar uma aliviada na tinta... Mas o lance, a onda era fazer muitos tapetes, ajudar nos que tinham poucas pessoas, ajudando a tampar as quadras vazias... É bacana o encontro de pessoas que nunca tinham se visto, se olhavam e diziam: "Vambora fechar essa quadra, pra não ficar vazia?".
E o que eu mais gostava, até mesmo porque sempre gostei de desenhar, era que mesmo muleque, eu tinha "minha vez", "era igual" aos adultos naquela hora, e acabava me pintando por consequência do trabalho, das cores, da fé naquele momento de coletividade e de fazer o melhor pra todos, pra Deus em cada um... Porque a alegria de ver as pessoas passeando e dizendo "que bacana", e eu do lado pensando que havia ajudado um pouco ali, abria logo um sorriso...
Meus amigos que só iam pra "guerra de tintas", freavam a onda quando me viam, acho que por camaradagem, e as vezes me ajudavam, mas as vezes também, na correria, no impulso (até mesmo porque não conhecia todo mundo), um passava e pisava ou jogava tinta no tapete que estávamos desde às 6h da manhã fazendo com o maior carinho...
ESSE É O LANCE!!! Eu mudaria esse post pra "Sem guerra, pela Paz das Cores...", porque mesmo sem a fé no ato, pois é uma tradição religiosa, que tenhamos respeito pelo outro, pelos que curtem, e chamar pra "guerra de tinta" é tipo falar em "vambora furar a bola da pelada", "tirar a tomada do som na festa da galera"... E essa não é a onda certa com certeza!!! Abração e espero ter ajudado a entender um ponto de vista que possa parecer "careta", mas é Artístico, Cultural, Patrimonial, Religioso, e além disso tudo, pelo Respeito ao outro!!!
Corpus Christi - Festa de Fé, Patrimônio Imaterial de Cabo Frio e tantas cidades!!!
Yuri Vasconcellos - na paz!
Elzinha Santa Rosa
4 de junho de
2015 ·
Amigos....hoje tenho que desabafar....Que tristeza está se tornando o
tão maravilhoso trabalho que fazíamos na confecção dos Tapetes de Sal, por ocasião da Festa de Corpus Christi. Há algum tempo que ela vem perdendo aquela beleza que o
"Povo de Cabo Frio" fazia para homenagear Jesus na Hóstia
Consagrada....Várias entidades participavam....Corpo de Bombeiros, Polícia Militar. OAB, Faculdades, Rotary Clube,Tamoio Esporte
Clube, Associação Atlética Cabofriense, Lions Clube, Secretarias Municipais,Coral Rainha
Assunta, ASAERLA, Sindicatos, Lojas Comerciais, Escolas Particulares,
Municipais e Estaduais entre outras e Famílias que ali curtiam juntos a alegria de
estarem louvando o Senhor... Nossa procissão ia até o final da Avenida Assunção
e tudo muito organizado e lindo. Infelizmente, esse evento que já trouxe tantos
turistas pra nossa cidade, perdeu seu glamour e se vê hoje privada de continuar
essa obra de arte tão importante, porque se criou entre alguns jovens
menos esclarecidos, a cultura de se jogar uns nos outros as tintas que
servem para colorir o sal e aí acontece uma bagunça generalizada que deprecia
nosso bem público e desfaz a belezade nossa festa. Importante ressaltar
que ultimamente não conseguimos perceber a presença de guardas
municipais para nos ajudar em tão importante trabalho e hoje, infelizmente, a
Praça Porto Rocha se transformou verdadeiramente numa praça de guerra .Escrevo
este texto com muita tristeza...Tia Elzinha.
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