João Marciano, Chico
Lima, Vavadinho, Augustinho Mergulhão,
Veludo, Osvaldo Rodrigues, Tonga, Palhaço Chupêta, Zé
Praxedes, Marilena Alves, Democra, Jô, Zé de Dome, Zé Barbosa, Otília, Chico
Estevão, Mané Sapo, João Marciano, Chico Lima, Amena Mayal, Bebela , Zé de
Quincas, Celinho, Eduardo Passos, Gandola, Scliar, Danilson, Curica, Dr.
Sérgio, Márcio Correa, Volney, Ito do Violão, Dinarte, Chico Ribeiro, Nogueirinha, Torres do Cabo, Ercília
O que todas essas pessoas teriam em comum?
Todas viraram boneco da Brincareta!
Mas como alguém ganha esse status?
Com a palavra Tânia Arrabal, autora de todos os figurinos e
quem, junto a uma equipe de artesãos, confeccionou os bonecões da Brincareta:
Quem
decide se um novo personagem irá integrar o cortejo é o prefeito da cidade.
Todo ano a prefeitura recebe a lista de pedidos das famílias ou
abaixo-assinados de moradores. Em Cabo Frio, se diz que a pessoa não morre,
vira boneco. Parte do humor cabo-friense, a Brincareta sai nos quatro dias de
carnaval, em ruas diferentes.
"A
gente faz o boneco com a fotografia do desencarnado ao lado, de frente e de
perfil", brinca Tânia. É que a regra da Brincareta é prestigiar os
falecidos. "Às vezes, vem a família inteira para aprovar. E tem que ser
idêntico, senão eles vão dizer que não 'tá a cara do pai'. Quando chega o dia
do desfile, em vez de comemorar o carnaval, o parente chora", comenta
Tânia, entre risos.
Cada
bonecão, de três metros de altura, 80 cm de diâmetro e cerca de 15 quilos,
consome 20 dias de trabalho. "Só nas roupas, vão mais de 200 metros de
pano", observa ela. Eles ganham forma a partir da colagem de placas de
isopor. "Depois de montado, lixo e passo goma. Aí vêm as camadas de papel
amassado, massa corrida e tinta", resume a artesã.
Autodidata, Tânia
começou a costurar bonecos de pano por causa do filho. " Ele riscou todo o
boneco de um amigo e eu tive que me virar pra fazer um novo. Me diverti e não
parei", conta. A bonequeira também faz espetáculos solo de fantoches
e contação de histórias. Mas Tânia se diverte mesmo é com a Brincareta e seu
folclore.
fonte: http://mapadecultura.rj.gov.br/manchete/tania-arrabal#prettyPhoto
Tania junto a uma de suas criações, no carnaval de 2013 |
Artesãos e Bonequeiros da Bricareta
Clarêncio Rodrigues, José
Facury Heluy, Tânia Arrabal, Moisés Senos, Marina Vergara, Ellen Mona, Josafá e
Flavio Pettinichi
José Facury conta como surgiu a ideia,
em texto de sua autoria:
em texto de sua autoria:
José Facury e Tânia Arrabal |
Há quinze anos, um considerável grupo de artesãos e
artistas cênicos de Cabo Frio, já vinham discutindo a valorização do artesanato
bonequeiro no município, haja vista a projeção que o mesmo alcançou no âmbito
do movimento teatral nacional, porém de pouco reconhecimento local, no que se
fazia necessário um engajamento maior deste tipo de arte em eventos da cidade
de conotações populares e turísticas.
O carnaval de Cabo Frio se apresentou como um
notável receptador para acolher a demanda bonequeira, tendo como exemplo
significativo, o carnaval de Olinda (Pernambuco), que atraia milhões de foliões
em cordões de frevo puxados por bonecões evoluindo pelas ladeiras, cercadas de
um riquíssimo acervo arquitetônico colonial. Logicamente que, em Cabo Frio, tem
cenário para isso e o predomínio musical não seria o frevo, e sim o samba de
enredo e/ou a marcha rancho.
A ideia inicial seria evoluir em um espaço mais
bucólico e tradicional da cidade, onde já as bandas de marchas rancho
desenvolviam também seus desfiles, desta feita com os bonecos homenageando ou
satirizando pessoas da cidade. Os blocos de marchas rancho não necessitarão de
alas, pois o mesmo já tem uma fluência própria.
O importante no desenvolvimento do circuito de
desfiles é que o bloco, circule em rotatividade nos trajetos definidos,
ocupando um espaço de mais ou menos 4
(quatro) horas. Convém salientar que o projeto não prevê para a sua concretização
cordões de isolamento, arquibancadas e sonorização. O importante é deixar o
cortejo fluir abertamente, buscando uma integração total de assistentes e
foliões.
Finalmente, em 1999, o teatrólogo José Facury
incentivado pelo Projeto Verão da Folha dos Lagos, apresenta formalmente a idéia
que é imediatamente assumida pela Prefeitura de Cabo Frio, e hoje já é
considerada uma força do Carnaval da Região. Pois com os seus bonecos gigantes
sempre homenageando personalidades da área cultural da cidade, acaba seduzindo
ao carnavalesco infantil e adulto por onde passa no circuito definido pelos
organizadores.
HISTÓRICO
Dos Bonecos
A partir início do século XX, qualquer quermesse ou
prática circense que aparecia por essas bandas, trazia como atração, um
mamulengueiro, acompanhado de uma sanfona, sua empanada e seus fantoches para
alegrar a gurizada local. Um desses brincantes, conforme nos conta Antônio de
Gastão, na publicação da FUNARTE - O Artista Popular e o seu Meio, foi o
nordestino sanfoneiro de nome Miguel Escuma, "ele vinha pra Cabo Frio e
botava o festival desses bonecos em todas as festas juninas, foi com ele que
aprendi a manejar os bonecos".
A partir daí a arte bonequeira floresceu na cidade,
muitos manipulavam os bonecos do artista visitante. Um deles foi o Zé Barbosa,
outro festeiro e brincante tradicional da cidade, que começou também a
confeccioná-los. Zé Barbosa e Antônio de Gastão se tornaram os grandes
bonequeiros de quase todas as festas da cidade: "era engraçado, porque
quando a gente ia fazer um espetáculo fora, ia todo mundo atrás, tudo montado
na carroça ou no caminhão", ressalta Zé Barbosa, em entrevista oral.
Os bonecos da dupla, feitos a principio em madeira e
depois em isopor, tinham vida dramática e personalidades dentro do mais puro
estilo mamulengueiro, eram eles: Chico Preto, Moleque Trinta e Um, Doutor
Mamão, Padre, Palhaço Bicudo, Filomena, Soldado, Lamparina, João Redondo,
Jararaca, Sabiá, Seu Belo e Sanhaço.
Seguindo a tradição, aparece o nordestino Chico Lima
(Twist), que, tendo começado com os bonecos de luva, aprofundou-se no
artesanato com espuma, onde até pouco tempo apresentava seus pockets shows em
festas e eventos da cidade.
Na
mesma época desponta o mestre cabo-friense Clarêncio Rodrigues e seu grupo
Sorriso Feliz, que seguindo a tradição familiar da arte bonequeira,
especializa-se na confecção e na manipulação de uma das mais difíceis
estruturas da arte títere: a marionete (bonecos de fios). A presença do
bonequeiro e carnavalesco Marcilio Barroco no inicio da década de oitenta em Cabo Frio, foi quem motivou uma maior
instrumentalização e maior engajamento profissional, tanto para Chico Lima como
para Clarêncio Rodrigues, tornando-os, inclusive afiliados à Associação
Brasileira de Teatros de Bonecos (ABTB), que abriu-lhes espaço para mostrarem
seus trabalhos pelo Brasil afora.
Devidamente capacitado na sua arte, Clarêncio
Rodrigues, além de ter feito vários espetáculos, onde usou e abusou da técnica
marioneteira, alcançou enorme sucesso
nacional com o espetáculo que conta a história de uma passista e um mestre sala
da Escola de Samba Império de Cabo Frio,
Minha Favela Querida, que recebeu vários prêmios em festivais estaduais e
nacionais. O espetáculo encontra-se vivo com os seus cinquenta bonecos até
hoje.
Clarêncio Rodrigues, não se conteve em deter a arte
só para si e os seus familiares, preocupou-se em repassar o seu saber para
muitos jovens da cidade e do Estado, e principalmente para aqueles que com ele
trabalharam diretamente como: Gabriel Bezerra, Carlos Eduardo Alves, hoje no
programa Cocoricó da TV Cultura de São Paulo e Tânia Arrabal, do Grupo Teatral
Creche na Coxia. Clarencio mantêm um espaço próprio para exposição e
apresentações à Rua Jorge Lóssio.
Cabo Frio, hoje conta com diversos artesãos da arte
bonequeira, com domínio de várias técnicas como: luva, dedo (de papier e de
látex), manipulação direta, de vara, marionetes, cabeçorras, marrotes onde
podemos destacar: Moisés Senos, Célia Lima, Marcos Rosemberg, Tânia Arrabal,
Carlos Eduardo, Silvia e Regina Delamare, Celso Cabeção, Nica Bonfim, Suzana,
Lucia Costa, além do próprio Clarêncio.
A tradição da arte bonequeira e sua continuidade,
hoje é representada pelo Clarêncio Rodrigues e pela Tania Arrabal, contemplados
com o ponto de cultura Tribal Sobre Rodas da Animação que, com palco móvel
apresenta e ensina a arte da animação paras as comunidades da Região dos Lagos.
Das Bandas
Tendo tido no passado um perfil cultural de extrema
relevância em todas as cidades brasileiras, em Cabo Frio alcançou o auge,
quando as bandas Liras e Jagunços, no inicio do século, dividiam a cidade em
desfiles cívicos ou bailes carnavalescos. O encontro dessas duas principais
bandas da cidade culminava sempre em conflitos sérios, um desses encontros que
acabou dando em morte, fez com que um governador da época proibisse as bandas
de desfilarem na cidade. Porém pouco a pouco, outros agrupamentos foram se
formando, deixando Cabo Frio com um legado importante dessa formação musical.
Apesar de Cabo Frio contar apenas com duas sociedades musicais a XV de Novembro
e a Sociedade Musical Sta Helena, muitos músicos ainda mostram seus serviços em
bailes e nos blocos do Costa Azul e o da Paróquia.
2007 |
2007 |
Formação da Banda de Música
Com 60 (sessenta)
músicos da Sociedade Musical Santa Helena e Quinze de Novembro
A Brincareta conta ainda com o
Cordão de Bois e Burrinhas
A brincadeira do Bumba com Pai Mateus e Catirina
E fica aqui minha sugestão para um novo boneco nesse panteão de personagens da cidade, a
querida Nininha
Que a arte e a cultura popular vençam todas as barreiras e consigam sobreviver, alegrando a população, apesar das disputas de Liras e Jagunços!
Fotos de Christianne Rothier, Carnavais de 2007 e 2013
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